Em 2020, a China foi um dos poucos países que conseguiram ter um PIB positivo e ainda conseguiu lançar tendências que moldaram o comportamento e a recuperação econômica de outros países. Em 2021, ela está novamente no caminho para ser um dos mercados mais promissores e a inteligência artificial, desenvolvimento verde e e-commerce ocuparão lugares de destaque.
O Ano do Boi mal começou e o horóscopo chinês já fez a previsão: este é o ano das inovações! Aspectos futuristas e tecnológicos não vão faltar, contudo, fique atento à improvisação. Não é hora de contar com a sorte. As maiores chances de sucesso estarão em ações bem planejadas e estruturadas.
A crise gerada pela emergência do novo Corona Vírus afetou muitos negócios e colocou até as economias mais desenvolvidas em xeque, no entanto, ela também foi responsável por implementar uma estrutura digital mais ampla que promoveu, e continuará promovendo em 2021, novos modelos de negócios. A China, com advento da SARS e as restrições da época, iniciou a transição para o modelo digital um pouco antes, em 2003, e isso fez toda a diferença quando a COVID-19 surgiu. Não é à toa que a China foi um dos poucos países que tiveram um PIB positivo em 2020 e ainda conseguiu lançar tendências que moldaram o comportamento e a recuperação econômica de outros países.
Neste ano, a China está novamente no caminho para ser um dos mercados mais promissores, e ela provavelmente continuará ditando as tendências globais principalmente nos âmbitos da inteligência artificial, desenvolvimento verde e e-commerce. Como o Ano do Boi já promete um ambiente favorável à inovação, mas devemos incorporá-la de maneira estruturada e organizada, vamos conferir as 5 tendências tech chinesas para você preparar os seus negócios em 2021!
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POPULARIZAÇÃO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
As inovações nesta área têm ganhado cada vez mais espaço nos últimos anos. Não só as pesquisas aumentaram, como também as evoluções tecnológicas permitiram que a IA se tornasse cada vez mais acessível. Sua aplicação nos campos da medicina, engenharia neural e agronegócio são as mais novas tendências levantadas pela Alibaba DAMO Academy.
Na medicina, a IA tem sido amplamente adotada para interpretar imagens médicas e gerenciar registros, além disso, a vertente que ajuda no desenvolvimento de vacinas e pesquisas clínicas já está em fase piloto.
A nova agricultura que utiliza tecnologias digitais para analisar dados e controlar a produção já é uma realidade. Estamos cada vez estamos mais dependentes dos dados e menos sujeitos às condições climáticas. Na China, o grupo Alibaba utilizou sua tecnologia de Blockchain para monitorar o transporte e a segurança de produtos agrícolas e mostrou como abordar o gap entre o planejamento, a produção e a venda desse tipo de produto.

2.DIGITALIZAÇÃO DA CADEIRA DE VALORES
O digital veio para ficar. Não só o advento da pandemia, mas também a crescente necessidade de velocidade e de armazenamento para o enorme volume de dados criados diariamente, vem incentivando as empresas a digitalizar seus processos.
Sendo a cadeia de valores o conjunto de atividades que geram e agregam valor ao produto e englobam diversos níveis operacionais, gerenciais e estratégicos, ela não poderia ficar de fora desse movimento. Devido a sua amplitude, complexidade e quantidade de informações, o gerenciamento manual destas atividades está fora de questão, assim, surgem soluções baseadas em IA que otimizam os diversos custos envolvidos e ainda são autônomos. Os chips, plataformas e aplicativos nativos da “nuvem” são um exemplo.
A chinesa BOE Technology Group, uma das maiores produtoras de LCD, OLEDs e painéis flexíveis do mundo investiu em um sistema de desktop em nuvem para trazer mais agilidade, segurança e redução de custos. A princípio, a BOE utilizava sistemas “tradicionais” que eram dispendiosos e não tão seguros, já que os usuários conseguiam salvar informações em seus dispositivos pessoais. Com a mudança, a empresa pôde oferecer mais velocidade aos crescentes 4.000 usuários do sistema, reduzir as demandas da equipe de TI – otimizando, consequentemente, seus custos – e trazer mais segurança para os seus dados, já que agora o gerenciamento deles é feito de forma centralizada em um data center.
3.DESENVOLVIMENTO VERDE
O desenvolvimento sustentável é um objetivo global. Mais do que nunca, precisamos pensar em nosso planeta e o legado que deixaremos para as futuras gerações. Para isso, vários países estão tomando atitudes, em diversos níveis, para superar as externalidades negativas que se intensificaram desde a revolução industrial e promover um ambiente mais sustentável.
A China, que de acordo com a Divisão de Estatísticas das Nações Unidas respondeu por 28% da produção global em 2018 e foi o país que mais gerou CO2 no mesmo ano, não poderia ficar de fora desse movimento global.
De acordo com a consultoria Daxue, desde 2007 o Partido Comunista vem pedindo às empresas que ajam de forma mais ecológica e, recentemente, iniciou várias políticas para fomentar tais atividades: políticas de promoção de produtos verdes, subsídio para produtos que economizam energia, vantagens fiscais para veículos de baixa poluição e financiamento do mercado de produtos verdes. Além do partido, a atuação das ONGs ambientais também tem impactado a maneira como a sociedade aceita e consome esses produtos. Elas orientam os consumidores a escolher produtos verdes, expandem a consciência ambiental e aumentam a disposição a consumir tais produtos.
Essas ações em conjunto, incentivam o público a consumir mais produtos verdes e a exigir que as empresas tenham uma maior responsabilidade ambiental. Essa é uma tendência, e o discurso do presidente Xi Jinping anunciando a neutralidade de carbono na China até 2060 impulsiona ainda mais o mercado de produtos verdes.
Para as empresas que estão atentas às mudanças do mercado e focadas no desejo do consumidor, essa é uma ótima oportunidade de atrair clientes e cuidar do meio ambiente ao mesmo tempo.

4.LIVESTREAMING
Apesar das lojas digitais estarem muito presentes no dia a dia dos chineses, a loja física não deixava de ter sua relevância. Assim, quando a pandemia chegou, os lucros caíram e, para sobreviver, as lojas tiveram que focar nas operações via online. O livestreaming, uma função em aplicativos como Taobao, Kuaishou e iQiyi que faz transmissões ao vivo, foi a mais escolhida e salvou a vida de muitas empresas durante o período de lockdown.
A Intime, principal rede de lojas de departamento na China, viu seus lucros se reduzirem com a chegada da pandemia. No entanto, ela rapidamente transformou o livestreaming em uma de suas principais ferramentas de e-commerce e, em pouco tempo, conseguiu alavancar seus pedidos e compensar perdas. Embora a loja já fizesse o uso da ferramenta, ela aumentou o número de transmissões diárias para 200, em média, e a associou com ações offline. Desta maneira, após a liberação do comércio, a loja viu um aumento de 50% no tráfego de pessoas na loja.
O livestreaming ganhou relevância e muitos eventos, como Shanghai Fashion Week, foram realizados desta maneira e faturaram alto! Segundo o ChoZan Mega Report 2020, em março de 2020, 40% da população chinesa – ou seja, 560 milhões de pessoas – eram usuários da transmissão ao vivo na China e era esperado que o tamanho desse mercado dobrasse para 961 bilhões de Reminbis ainda em 2020.
O relatório ainda menciona: “O livestreaming não é mais uma opção, mas uma necessidade” e pelo andar da carruagem e com as novas funcionalidades de tradução simultânea e host virtual, a perspectiva é que esse mercado só cresça e a tendência se expanda para outros países.
5.SOCIAL COMMERCE
O crescente uso dos dispositivos móveis e das redes socias vem fomentando um novo tipo de e-commerce, o social commerce. Este, é uma subcategoria do comércio digital que ocorre nas plataformas de mídias sociais e vem ganhado cada dia mais adeptos. Sua muito bem estruturada interação com a própria plataforma, junto com o crescente uso desses apps para diversos fins e a possibilidade de deixar seu comentário sobre o produto e o vendedor, vem tornando essa modalidade uma tendência.
Na China, o extenso uso dessas plataformas remodelou o cenário do e-commerce, afetando tanto a forma como as pessoas compram quanto a maneira que os vendedores anunciam e vendem seus produtos. A Fundação Ásia-Pacífico do Canadá afirma que são três os fatores mais relevantes para o êxito deste modelo de e-commerce na China: Um ecossistema de comércio eletrônico bem desenvolvido, uma grande quantidade de usuários de internet que se conectam por meio de dispositivos móveis e as ferramentas de pagamento móvel e código QR.
Sem dúvida, os Millenials e a geração Z têm impulsionado o crescimento do social commerce, e tal sucesso vem atraindo a atenção dos investidores chineses. A FBIC Group avalia, hoje, a dimensão do mercado de social commerce na China em 1.657,8 bilhões de remimbis e estima um crescimento de mais de 45% até 2022, atingindo 2.419,4 bilhões de remimbis.

Este texto foi originalmente publicado na Foreseekers, em fevereiro de 2021.
Fontes: Alizila, Hitachi Vantara, Statista, Daxue Consulting, FBIC group, China Skinny, Jing daily, Insights TUV, Asia Pacific CA, ChoZan e UNSD.
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